domingo, junho 11, 2006

Cara Pintada

imagem: artista desconhecido

Cara Pintada

O poente da estrada de terra vermelha, cara pintada.
A lua branca pára, pálida. O vento sopra o fogo para dentro do corpo, apegado à carne que sobra crua no sal, a água não é mais doce, o mar não é mais rio.
Banha, o suor que escorre saboroso de peles sob atrito. Dentes caem sob algum animal indefeso, banha... Vinho tinto sangra na pedra covarde de sacrifício. –Saúde.
É uma pena. Não, é um índio solto no jardim, o vaso quebrado que brota infeliz na terra vermelha, cara pintada.
Onça valente! - Mas que belo tapete senhor cruel.
Qual será o sabor de uma bala crivada na tua boca? O mesmo de antigamente perdeu o valor, agora corre para se salvar de enciclopédias ortodoxas, e vive perdido em cativeiros ociosos. Uma maravilha escondida do arrivista íntimo das massas, dos alimentos podres alojados em geladeiras esquecidas.
Onde já se viu? Agora se troca saudade por futuro sem levar nada de recordação, só a mesma lembrança perde o sentido cinco vezes. O caminho chega a ser cansativo, léguas e línguas nos confundem. Talvez algum nômade possa explicar o motivo da viagem, com algum mapa astral ou cartas na manga. Estou vendo, não passa de outro espelho fora da validade, sem marca o ferimento não dói na pele vermelha, cara pintada.
Agüente mais um pouco, não vá entregando a sua vida assim para qualquer um. Você já leu o jornal de hoje? -Falam cada coisa.

Marcos Caldo

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

dificil de entender...gostei, um certo mistério, meio xamânico.
vc usa drogas? bj

6/17/2006 8:19 PM  

Postar um comentário

<< Home