quinta-feira, maio 03, 2007

Amigo Imaginário

imagem: Donnie Darko

Amigo Imaginário

Conversamos em silêncio, falamos de coisas que não saberia descrever tarde da noite numa caminhada mesmo que sem volta, quando se ouve o próprio assovio ecoando pelos becos esquecidos em outras melodias, se bem que era isso mesmo, o que passou pela minha cabeça naquela hora de distúrbio emocional, preso ao último abraço, encontro e despedida para uma vida inteira sem entender os primeiros conflitos que me construíram dessa forma, fui embora. Para sempre.
Não quis entender mais nada depois disso, na verdade não se sabe de nada antes de perder tudo pela primeira vez, talvez esse seja o mistério escondido nas placas de contramão que fizeram com que me perdesse da vista de todos. Onde é que estou? Olhando outras paisagens, distante no céu a nuvem negra segura a última gota em seus olhos, para que lavar a sujeira desse mundinho ela deve se perguntar, e eu acompanho a sua gargalhada!
Geralmente nos momentos de solidão alguém lhe faz gracejo em outra cidade, sim como poderia esquecer de lhes dizer, agora o que vale a pena, senão as sobras catadas de uma só vez. De punhados de pedras amontoadas se fez a maior parte desses prédios e eu me sentindo inferior olhando daqui de baixo para cima, não vejo Deus sentado em seu escritório, aliás, adoro procurar nas várias crenças e religiões o sentido da vida e outras explicações que nenhuma das mesmas soube me provar. Sócrates, aquele canalha que nasceu antes de mim fez as perguntas certas para as pessoas erradas, e deu no que deu.
Por que buscar o sentido de algo desconhecido sabendo que tudo é passageiro e em breve todo suor vai secar para deixar lugar ao cheiro fétido nas axilas, só nos resta sentar com um cigarro aceso nas mãos e esperar para que o sol de lugar à noite e um belo bar nos espere com mesas reservadas em frente a uma banda decadente, que toque só o que queremos ouvir pelo resto da vida, mesmo que isso dure apenas uma noite.
Passei dessa para melhor e acordei meio enjoado, ao meu lado uma bela jovem de cabelos castanhos lisos sonha tranqüilo com as delícias que um dia vou lhe oferecer para que ela possa morrer feliz ao meu lado depois das juras de amor eterno. Era tudo o que eu queria também antes de ler o jornal de hoje, na primeira capa a propaganda de um comercial de margarina. Era isso, ainda me falta um cachorro! Agora minhas caminhadas de domingo farão sentido no parque que nunca freqüentei por não encontrar diversão em lugar nenhum.
Sabe aqueles lixos com cara de palhaço, sempre achei uma falta de respeito dar gargalhadas fora de hora, mas fazer o que, essas realmente são as melhores. Acabei de ver uma pomba ser eletrocutada em pleno vôo... Mentira! Só para não perder o costume, fico falando sozinho e tento dizer geralmente coisas de mau gosto.

Marcos Caldo


3 Comments:

Blogger Karina Tambellini said...

Um texto corrido.


=0

5/06/2007 1:18 PM  
Blogger Pnda said...

Genial, no começo achei que o eu-lírico fosse o amigo imaginário do cara da gravata, mas não, ainda é o cara da gravata.... perdendo a síndrome de Peter Pan...perder a inocência sim, deixar de ser criança, jamais!

5/09/2007 8:43 AM  
Anonymous Anônimo said...

Esse, tenho certeza que vc fez quando estava indo para o trabalhp, e o dá porra da gravatanum dava certo.
Acredti oque vc tenha retrado sua realidade naquele momento.
Abraço mlq

5/09/2007 9:43 AM  

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