Natureza Morta, "óleo sobre tela"

Natureza Morta, ”óleo sobre tela”.
Não é à toa que eu vejo isso
Escondido embaixo do tapete
Foi onde encontrei a saída
Para esconder as coisas sem valor
Que se acumulavam a minha volta
Eu quero muito mais
E não vou guardar mais nada
Das coisas que sonhei um dia
Com medo de perder de vista
Tanta inutilidade amontoada
Acabei me prendendo a nada
E hoje também sou nada
Depois disso o que importa?
Somos descartáveis...
Temos um prazo de validade
Escrito em letras miúdas
Na certidão de nascimento
Não me lembro de ter nascido
Será que estou vivo (interrogação)
Não acredito em muita coisa
Já faz um tempo que não saio de casa
Perdi a vontade de ver as pessoas
Envelhecendo sob meu ponto de vista
Estamos atrasados e retrocedendo
A troco de nada cometemos erros
Irreparáveis a longo prazo
Quem se importa com o agora
Se não o ministério da saúde
Expondo fotografias premonitórias
Nos maços de cigarro busco inspiração
Para um tipo de arte medicinal
Raramente encontrada na natureza
Morta dos quadros pintados a óleo
Sobre tela pela minha mão.
Marcos Caldo